O Censo Demográfico de 2022 (a maior operação de recenseamento já organizada no País) concluiu sua fase de coleta de dados, abrangendo mais de 215 milhões de habitantes em aproximadamente 75 milhões de domicílios pelos 5.570 municípios do país. Com a contratação temporária de mais de 210 mil pessoas para trabalhos de campo e apoio, esta iniciativa sem precedentes ofereceu um panorama detalhado da composição demográfica e habitacional do Brasil.
O Censo 2022 é um recurso essencial para entender o panorama atual do Brasil, mapeando características e necessidades da população. Os resultados influenciarão diretamente a alocação de investimentos em áreas essenciais como saúde, educação, habitação e infraestrutura, além de orientar a definição de políticas públicas e a distribuição equitativa de recursos federais, assegurando que as cotas do Fundo de Participação dos Estados e Municípios sejam distribuídas de forma justa.
Destaques do Censo 2022
Originalmente agendado para 2020, o censo do IBGE foi postergado devido à pandemia de Covid-19, sendo realizado em 2022 após determinação do STF. A coleta dos dados estendeu-se até junho de 2023 e à medida que os resultados começam a ser divulgados, informações interessantes vão emergindo.
Neste post iremos analisar os dados já disponibilizados, destacando algumas tendências e mudanças significativas na população brasileira:
População
Evolução Demográfica: Até o Censo 2010, o Brasil contava com uma população de 203 milhões de habitantes. Hoje somos 203 milhões, e apesar do crescimento de 6,5% em relação a última pesquisa, o número é menor do que o previsto anteriormente, refletindo mudanças nas tendências de crescimento populacional.
Queda na Taxa de Crescimento: A taxa de crescimento anual de 0,52% foi a menor já observada desde 1872 (ano da primeira operação do Censo no país), representando uma queda de mais da metade do valor obtido na última operação do Censo em 2010 (1,17%). Segundo projeções do IBGE em algum momento nas próximas décadas começará a ocorrer a redução no tamanho da população brasileira como já vemos em muitos países Europeus.
Centro-Oeste lidera o crescimento populacional no Brasil: O crescimento populacional no Brasil desacelerou em todas as regiões, com exceção do Centro-Oeste, que apresentou a maior taxa de crescimento, registrando taxa anual de 1,23%, duas vezes maior que a média nacional de 0,52%.
Idade / Sexo
Crescimento Significativo da População Idosa: Em 2022, a parcela da população com 65 anos ou mais atingiu 10,9%, representando um aumento de 57,4% em relação a 2010. Esse crescimento evidencia uma tendência de envelhecimento da população brasileira.
Redução da População Jovem: Paralelamente ao aumento da população idosa, houve uma diminuição de 12,6% no total de crianças com até 14 anos (passando de 24,1% da população em 2010, para 19,8% em 2022).
Maior Longevidade Feminina: A proporção de mulheres aumenta com a idade, refletindo a maior longevidade feminina em relação aos homens. Nas idades mais avançadas, a diferença entre gêneros se torna ainda mais pronunciada.
Prevalência Feminina na População: Em 2022, o Brasil contabilizou aproximadamente 6 milhões de mulheres a mais que homens. Com 51,5% da população sendo feminina (cerca de 104,5 milhões de mulheres).
Região Norte é mais “jovem”: A região Norte se destaca como a mais jovem, com 25,2% de sua população até 14 anos, enquanto as regiões Sudeste e Sul apresentam as maiores proporções de idosos, refletindo estruturas populacionais mais envelhecidas.
Raça / Cor
Mudanças na Autodeclaração Racial: A pesquisa do Censo baseia-se na autodeclaração dos entrevistados, que escolhem sua cor ou raça entre cinco categorias: branca, preta, amarela, parda ou indígena. As alterações de metodológia e de percepção sobre identidade racial podem ter influenciado algumas das mudanças observadas no Censo 2022.
Crescimento da População Parda, Preta e Indígena: Pela primeira vez desde 1991, os pardos se tornaram o grupo mais numeroso no Brasil, representando 45,3% da população (com cerca de 92,1 milhões de pessoas). O Censo 2022 registrou um aumento na proporção da população autodeclarada parda, preta e indígena, contrastando com a diminuição percentual de pessoas que se identificam como brancas e amarelas.
Aumento Significativo da População Indígena: O número de indígenas identificados no Censo de 2022 foi 89% maior do que no levantamento de 2010, um crescimento atribuído às melhorias no mapeamento e na metodologia de pesquisa voltada para esses povos.
Inclusão de Quilombolas no Censo: Pela primeira vez, o Censo incluiu perguntas específicas para identificar quilombolas, revelando que o Brasil tem aproximadamente 1,3 milhão de pessoas que se identificam como parte dessa comunidade, o que representa 0,65% da população total.
Domicílios
Crescimento no Número de Domicílios: Os dados revelam um aumento de 34% no número de domicílios no Brasil desde o último Censo, totalizando 90,6 milhões em 2022, em comparação aos 67,5 milhões anteriormente registrados.
As Famílias estão encolhendo: Apesar do aumento no número de domicílios, houve queda na média de moradores por casa no país. Em 2010, a média era de 3,31 moradores por domicílio, caindo para 2,79 em 2022. Essa tendência sugere que além da diminuição do tamanho das famílias, a população está se distribuindo em um maior número de lares.
Para mais detalhes sobre o Censo Demográfico de 2022 e para acessar os dados completos, visite o site oficial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o portal Panorama do Censo 2022.
Site do IBGE: https://www.ibge.gov.br/
Panorama do Censo 2022: https://censo2022.ibge.gov.br/panorama/
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