Assegurar uma vida saudável para todos é o terceiro objetivo da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável
O desenvolvimento de cidades e nações não é possível sem a garantia de qualidade de vida para os seus cidadãos. Afinal, como bem reforça a Agenda 2030 da ONU, a prosperidade do planeta só será atingida quando todos tiverem seus direitos básicos garantidos. Mas afinal, quais seriam eles? Da educação universal à erradicação da pobreza, os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável apontam quais devem ser as políticas sociais, financeiras e ambientais a serem cumpridas por todos os países até 2030. E a saúde é, indiscutivelmente, uma delas.
Com a missão de “assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades”, o ODS 3 – Saúde e Bem-Estar quer ajudar as pessoas a viverem mais tempo e em melhores condições. Por isso, a plataforma Bright Cities tem como um de seus indicadores a avaliação da expectativa de vida nas cidades.
O objetivo é tão desafiador quanto complexo, já que aborda questões abrangentes e transversais: mais do que evitar doenças, a garantia de saúde implica em fornecer uma alimentação equilibrada, prover assistência médica adequada, erradicar a pobreza, estimular a prática de exercícios físicos e assegurar ambientes livres de poluição. Diretamente relacionado aos outros Objetivos da Agenda 2030, como o fim da pobreza e a erradicação da fome, o ODS 3 é prova de que quaisquer mudanças urbanas só serão verdadeiramente transformadoras quando aplicadas de forma integrada e conjunta.
Tem-se, por exemplo, a questão da fome. O ODS 2 – Fome Zero e Agricultura Sustentável estabelece uma série de metas para que municípios e nações fortaleçam a produção sustentável de seus alimentos, respeitem os recursos do planeta e promovam programas de alimentação equilibrada. Dessa forma, ao abordar doenças como a desnutrição e a obesidade – ambas resultado de dietas inadequadas -, o ODS 2 está atrelado ao tópico da saúde. Segundo dados levantados pela ONU, em regiões como a Ásia Oriental e a África Subsariana, onde há a maior prevalência de desnutrição (mais de 256 milhões de pessoas), a mortalidade materna é 14 vezes mais alta do que no resto do mundo e nelas ocorrem quatro entre cinco mortes de crianças abaixo dos cinco anos.
A pobreza é também determinante para as taxas de mortalidade, como já mencionado pelo ODS 1 – Erradicação da Pobreza. Segundo os dados da ONU, crianças nascidas na pobreza têm quase duas vezes mais chances de morrer antes dos cinco anos do que as de famílias mais ricas. Outro fator que influencia a saúde é a oferta de água potável e o tratamento de esgoto, já que ambos os serviços têm reflexos comprovados nos índices de mortalidade infantil e na proliferação de zoonoses. Até mesmo a segurança no trânsito, que influi na taxas de mortalidade e nas chamadas hospitalares, devem ser abarcadas por políticas públicas para garantir o bem-estar da população.
É claro que, quando falamos de saúde, não poderíamos deixar de lado as doenças. Segundo dados divulgados pela ONU, doenças crônicas são hoje as que mais afetam a população mundial: 63% de todas as mortes do mundo provêm de doenças não transmissíveis, como cardiovasculares, câncer e diabetes. Os gastos gerados para países de renda média e baixa poderão ultrapassar a casa dos US$ 7 trilhões até 2025. Ainda segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS, doenças cardiovasculares são hoje a causa número 1 de mortes em todo o mundo, sendo que três quartos dos incidentes ocorrem em países com menos recursos.
Doenças sexualmente transmissíveis são outro alvo importante para o ODS 3, caso do HIV/Aids. Segundo a ONU, mais de 36 milhões de pessoas no mundo viviam com o vírus em 2017 e 940 mil mortes foram ocasionadas em decorrência dele. O número de pacientes segue crescendo mesmo com o aumento de pacientes em tratamento – em 2013, o número de afetados era de 35 milhões. No contexto brasileiro, a situação é preocupante: segundo estudos do Joint United Nations Program on HIV/AIDS – Unaids, o país registrou um aumento de 21% de casos de HIV entre 2010 e 2018.
Doenças transmitidas por mosquitos, como dengue, chikungunya, zika virus e malária também merecem a atenção de governos, ainda mais em países tropicais como o Brasil. De campanhas de conscientização ao tratamento adequado, políticas públicas voltadas para a erradicação dos casos são essenciais para evitar surtos e mortes. Cabe ainda ressaltar a importância das vacinas, em especial para crises como a do sarampo: desde 2000, por exemplo, a vacinação contra a doença evitou quase 15,6 milhões de óbitos.
Segundo o mais recente estudo divulgado pela ONU, a saúde no mundo é mais precária entre crianças e países de baixa renda:
- Apenas metade das mulheres vivendo em regiões em desenvolvimento recebe a quantidade recomendada de assistência médica;
- Mais de cinco milhões de crianças morrem a cada ano, antes do seu quinto aniversário;
- Em 2013, 240 mil novas crianças estavam infectadas com HIV;
- Em todo o mundo, adolescentes e jovens mulheres enfrentam desigualdades de gênero, exclusão, discriminação e violência, o que as coloca em maior risco de contrair o HIV;
- A AIDS é a principal causa de morte entre os adolescentes (10 a 19 anos) na África e a segunda causa de morte mais comum entre os adolescentes do mundo;
- A tuberculose continua sendo a principal causa de morte entre as pessoas que vivem com HIV, representando cerca de uma em cada três vítimas;
No caso do Brasil, apesar do direito à assistência médica e hospitalar ser garantida pelo Sistema Único de Saúde – SUS, há ainda muito trabalho a ser feito. Segundo a Secretaria de Atenção Primária à Saúde – SAPS do Ministério da Saúde, 25.47% da população brasileira – mais de um quarto – não recebe atendimentos básicos de saúde (dados referentes à novembro de 2019).
Para saber como anda o desempenho das cidades, a Plataforma Bright Cities disponibiliza online uma lista com os destinos globais mais avançados na área da saúde e do meio ambiente, economia e educação. Além disso, nela você consegue consultar os 160 Indicadores de Cidades Inteligentes usados no diagnóstico dos municípios. Fundamentais para coletar dados sobre determinado contexto urbano, os indicadores estão alinhados com todos os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e são importantes ferramentas para a análise, avaliação e acompanhamento de uma cidade.
Listamos abaixo alguns dos indicadores utilizados pela Bright Cities relacionados com as metas estabelecidas pelo ODS 3 – Saúde e Bem-Estar:
- Indicador “Número de médicos”: ao apontar a quantidade disponível de agentes de saúde, o indicador avalia se determinado município consegue atender de maneira adequada toda a sua população. Se relaciona, assim, com a meta 3.8 do ODS 3: “Atingir a cobertura universal de saúde, incluindo a proteção do risco financeiro, o acesso a serviços de saúde essenciais de qualidade e o acesso a medicamentos e vacinas essenciais seguros, eficazes, de qualidade e a preços acessíveis para todos“;
- Indicador “Número de leitos hospitalares”: ao quantificar a capacidade de determinado município em receber pacientes internados, o indicador avalia se está sendo atendida a meta 3.d do ODS 3: “Reforçar a capacidade de todos os países, particularmente os países em desenvolvimento, para o alerta precoce, redução de riscos e gerenciamento de riscos nacionais e globais à saúde“;
- Indicador “Expetativa de vida nas cidades”: a saúde é uma das maiores influências para a longevidade em uma cidade, já que está diretamente associada à qualidade de vida. Dessa forma, o indicador se relaciona com a meta r físico e mental dos cidadãos. Ao indicar quantos optaram por tirar a própria vida, o indicador é uma importante referência para avaliar a saúde mental da população, de acordo com a meta 3.4 do ODS 3: “Até 2030, reduzir em um terço a mortalidade prematura por doenças não transmissíveis por meio de prevenção e tratamento, e promover a saúde mental e o bem-estar“;
- Indicador “Índice de suicídios”: a saúde deve sempre contemplar o bem-estar físico e mental dos cidadãos. Ao indicar quantos optaram por tirar a própria vida, o indicador é uma importante referência para avaliar a saúde mental da população, de acordo com a meta 3.4 do ODS 3: “Até 2030, reduzir em um terço a mortalidade prematura por doenças não transmissíveis por meio de prevenção e tratamento, e promover a saúde mental e o bem-estar“;
- Indicador “Índice de cobertura das vacinas obrigatórias”: vacinas para tuberculose, febre amarela, tétano e sarampo são algumas das disponíveis gratuitamente em postos de saúde brasileiros. O indicador avalia a porcentagem da população de determinada cidade que teve acesso à esses serviços, de acordo com o estabelecido pela meta 3.3 do ODS 3: “Até 2030, acabar com as epidemias de AIDS, tuberculose, malária e doenças tropicais negligenciadas, e combater a hepatite, doenças transmitidas pela água, e outras doenças transmissíveis“;
- Indicador “Mortalidade abaixo dos cincos anos”: em estado mais vulnerável, crianças de até 5 anos são as principais vítimas de doenças. Assim, sua taxa de mortalidade está diretamente relacionada aos índices de saúde e vai de acordo com a meta 3.2 do ODS 3: “Até 2030, acabar com as mortes evitáveis de recém-nascidos e crianças menores de 5 anos, com todos os países objetivando reduzir a mortalidade neonatal para pelo menos até 12 por 1.000 nascidos vivos e a mortalidade de crianças menores de 5 anos para pelo menos até 25 por 1.000 nascidos vivos“.
Muitos outros indicadores ainda contribuem para avaliar as agendas públicas de saúde em uma cidade, como o “Número de enfermeiros e obstetras”, o “Número de fatalidades no transporte” e a “Concentração de partículas finas (PM2.5)” no ar. É a partir destes resultados que a Plataforma Bright Cities consegue realizar diagnósticos completos, entendendo quais soluções inteligentes podem ser utilizadas de acordo com a escala, a urgência e o orçamento de cada município.
Nosso Banco de Dados de Soluções Inteligentes está sempre crescendo e provando que as mais diferentes tecnologias são capazes de gerar ações concretas para melhorar a vida das pessoas. É o caso do app Pulse Point, que já funciona em três mil cidades dos Estados Unidos. Por meio de um sistema de geolocalização, pessoas com treinamento adequado em primeiros-socorros se cadastram no sistema e são acionadas caso haja alguma emergência na vizinhança, agilizando o tempo de socorro e prestando os primeiros socorros até a chegada da ambulância.
Quer conhecer mais soluções inteligentes? Nossa Plataforma de Notícias tem feito um conteúdo especial sobre os ODS, onde a cada semana abordamos um dos 17 Objetivos e contamos quais soluções inteligentes existem para eles. Siga nosso Instagram e Twitter para saber mais sobre como a Agenda 2030 quer mudar o mundo nos próximos dez anos!